A temporada 2025 de “O Quebra-Nozes” chegou ao fim na noite desta terça-feira (17) consagrando mais uma vez o clássico natalino como um dos grandes momentos do calendário cultural de Curitiba. Ao longo das cinco apresentações no Guairão, o espetáculo do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG) reuniu um público total de 10.900 pessoas, com sessões lotadas e muitos aplausos e elogios à equipe artística e técnica do complexo.

Com direção geral de Luiz Fernando Bongiovanni, diretor do Balé Teatro Guaíra (BTG), a montagem estreou em 2023 com uma abordagem contemporânea, sem abrir mão dos elementos clássicos que consagraram a obra. A releitura propõe um diálogo entre dança contemporânea, clássica, folclórica e elementos circenses, conferindo identidade própria ao espetáculo. A narrativa visual potente é acessível a públicos de todas as idades - foi possível ver famílias inteiras preencherem o auditório durante toda a temporada.

A produção reúne nomes reconhecidos da cena artística, como Renato Theobaldo, responsável pela cenografia; Paulinho Maia (in memoriam), que assina os figurinos; e Wagner Corrêa, na iluminação. O espetáculo conta ainda com a participação especial de Nickolle Abreu e Pedro Mello e Cruz, do Circocan. 

No palco, quase 150 artistas deram vida ao clássico do compositor Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) em parceria com o coreógrafo Lev Ivanov (1834-1901), reunindo bailarinos do BTG, alunos da Escola de Dança Teatro Guaíra (EDTG), integrantes da G2 Cia. de Dança e músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná. A trilha sonora foi executada ao vivo, sob regência do diretor musical e regente titular Roberto Tibiriçá, um dos pontos altos da experiência artística, como destacaram muitos dos espectadores.

“O Quebra-Nozes é um dos balés mais queridos do público. É uma coisa mágica, assim como é a música de Tchaikovsky. É um balé maravilhoso, com melodias incríveis, que você sai do teatro assobiando”, resumiu o maestro. 

Elenco - Para Bongiovanni, o encerramento da temporada simboliza mais do que o sucesso de um espetáculo. “É um ponto alto da celebração de tudo o que é produzido pelo Centro Cultural Teatro Guaíra ao longo do ano, é uma felicidade muito grande estar aqui mais um ano para fazermos isso para o público. Temos que lembrar que não são todos os teatros do Brasil que têm corpos artísticos e que trabalham juntos, e temos esse privilégio”, destacou. 

O diretor também ressaltou o desafio técnico da montagem, que, além de muitas pessoas, entre crianças, jovens e até idosos, envolve múltiplos cenários, iluminação complexa e uma engrenagem de ensaios construída ao longo de todo o ano. “Tudo vai sendo orquestrado ao longo do ano para, no finalzinho, termos esse espetáculo maravilhoso”, contou.

A coordenadora da EDTG, Larissa Pansera, destacou a importância da vivência dos alunos com bailarinos profissionais. “É um privilégio participar dessa produção, que é um enorme sucesso de público. Desde o início do processo coreográfico até estar em cena com bailarinos experientes e músicos da Orquestra, é uma oportunidade muito valiosa na formação desses alunos”, afirmou. Para ela, o espetáculo também cumpre um papel inspirador. “Muitas crianças saem do teatro querendo dançar. O Quebra-Nozes planta uma sementinha e mostra que elas também podem fazer parte desse sonho.”

Representando a G2 Cia. de Dança Teatro Guaíra, única companhia master pública da América Latina e que completou 25 anos em 2025, Ricardo Garanhani destacou o encontro entre gerações. “É muito especial estar em um espetáculo que reúne todos os corpos artísticos da casa. A troca com as crianças da escola é deliciosa, a gente aprende junto. É uma grande celebração de diferentes idades, experiências e histórias”, disse. 

“Com ingressos esgotados em poucas horas e forte engajamento do público nas redes sociais, o Quebra-Nozes reafirmou em 2025 seu lugar como tradição natalina e vitrine da potência dos corpos artísticos do Centro Cultural Teatro Guaíra”, resumiu o diretor-presidente do complexo, Cleverson Cavalheiro. Para 2026, ele aponta que, além das obras de restauro do espaço, o público pode aguardar grandes surpresas. 

Público - O sucesso da temporada também se refletiu na reação do público. Foram cinco noites de muita emoção, surpresa e encantamento, especialmente para aqueles que acompanharam o espetáculo pela primeira vez. 

Os estudantes do Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Paranavaí, Richard Ramos de Souza e Gustavo dos Santos, ambos de 20 anos, viajaram mais de 500 km com a turma especialmente para assistir ao espetáculo. “Eu nunca tinha pisado em um teatro, nunca experienciei isso antes. Foi uma experiência surreal, algo totalmente novo. Agora que sei como é, vou buscar trazer as pessoas que eu gosto”, disse Gustavo. “Eu só conhecia a história pelos filmes, mas pessoalmente é outra experiência. Dá pra sentir a energia, é muito mais intenso do que os vídeos, valeu cada minuto que passei aqui”, apontou Richard.

A emoção também marcou a experiência do casal Francine Taporoski Alpendre, enfermeira, e Ricardo Alpendre, economista, que também assistiram ao Quebra-Nozes pela primeira vez. “Estou emocionada até agora”, resumiu Francine. “Achei fantástico desde a organização até a apresentação, é um espetáculo que mostra uma harmonia perfeita entre bailarinos e orquestra. Perfeição é a palavra que resume tudo isso”, afirmou Ricardo.