Guaíra do avesso: público visita bastidores, sobe ao palco e interage com corpos artísticos 16/09/2024 - 09:32

O público no palco aplaudido de pé por uma plateia formada por artistas da dança, da música e da técnica do Centro Cultural Teatro Guaíra. A cena que encerrou a experiência Guaíra do Avesso resumiu bem a visita exclusiva e gratuita que aconteceu pelos bastidores de um dos maiores centros culturais da América Latina, nesta sexta-feira (13). O evento marcou o mês em que o Teatro Guaíra completa 140 anos como instituição.

Tudo começou com a Orquestra Sinfônica do Paraná recepcionando os convidados na portaria, indicando um caminho cheio de surpresas. Em seguida, público e músicos se misturaram entre a arquitetura modernista e figurinos de alguns espetáculos marcantes.

Entre as 700 pessoas recebidas, Thaís Mocelin, jornalista, já tinha passado pela portaria principal do complexo, em outras ocasiões, com ingresso para shows e espetáculos de teatro, mas era dia de um percurso inédito. “Dia de conhecer a orquestra e as companhias de dança daqui, e os bastidores”, disse.

Já dentro do maior auditório do complexo, o Guairão, o palco recebeu um elenco que trabalha para ser invisível antes, durante e depois dos espetáculos. Nesse dia, no entanto, ajudaram a protagonizar o encontro com os espectadores.

Há 18 anos na casa, Jackson Zielinski de Oliveira coordena o Departamento Técnico de Espaços Cênicos, mas na visita ajudou a conduzir a narrativa. O público ouviu o comando ‘desce perna um’ e uma parte do cenário surgiu. Foi assim até que todo o cenário ficou pronto para a Escola de Dança Teatro Guaíra entrar em cena.

“Normalmente estamos nas coxias e nos bastidores e hoje mostramos a nossa cara, chamando a atenção para uma certa cena. No fim, a gente se diverte com tudo isso”, resume Jack, como é chamado.

Os visitantes foram convidados a subir ao palco e as expressões de alegria, surpresa e admiração foram unânimes. Eles avançaram os degraus, viram o urdimento (traves no teto do palco) iluminado, partes de cenários de grandes obras que ali foram encenadas e olharam o palco sob outro ponto de vista.

No palco, o público também teve a chance de ver – a poucos centímetros – trechos de espetáculos com os bailarinos do G2 Cia de Dança e do Balé Teatro Guaíra. E a Thaís, quase uma hora depois, tinha um grande sorriso no rosto, resumindo a aventura. “Muito gostoso olhar o teatro assim, conhecer por outros ângulos”, contou. "Saímos daqui com uma provocação boa, que é de prestar mais atenção nos artistas que estão próximos da gente”.

“Foi uma emoção viver esse momento fantástico e uma honra”, descreveu Aline Ramos, que mora em Joinville, que também participou do tour.

“Foi difícil segurar a emoção. A gente faz toda essa arte para a plateia e ter esse calor humano em volta foi muito mais prazeroso”, destacou o músico Alexandre Brasolim, violinista e concertino da casa.

Histórico
Projetado pelo arquiteto Rubens Meister, o Teatro Guaíra começou a ser construído em 1951 como parte da celebração do Centenário da Emancipação Política do Paraná. O primeiro espaço foi inaugurado em 1954, o Pequeno Auditório Salvador de Ferrante, o Guairinha.

Programado para ser finalizado em 1971, o Grande Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, o Guairão, foi inaugurado em 1974, depois de um incêndio de grandes proporções atingir a estrutura quatro anos antes. Por fim, o Miniauditório Glauco Flores de Sá Brito, o terceiro espaço que compõem o complexo, abriu para o público em 1975.

O edifício, que é um marco da arquitetura modernista em Curitiba, foi tombado pelo Patrimônio Cultural do Estado do Paraná em 2003. É um dos maiores complexos culturais da América Latina, com 16,9 mil metros quadrados e capacidade para 2,8 mil pessoas. O Centro Cultural Teatro Guaíra conta ainda com um quarto espaço, o Teatro José Maria Santos, localizado no bairro São Francisco e também tombado pelo Patrimônio Cultural do Estado.

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