Fevereiro no Miniauditório traz “Surdo, logo existo” em apresentações gratuitas 30/01/2024 - 11:04

A peça de teatro “Surdo, logo existo” estará em cartaz todos os finais de semana de fevereiro no auditório Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório) do Centro Cultural Teatro Guaíra. Uma sátira ao sistema operante dos ouvintes, o espetáculo reflete sobre “o mito de Milão”, inverte o mundo surdo e ouvinte e, de forma sucinta, retrata os mais de 120 anos da história de opressão sofrida pelas comunidades surdas. 

A história é apresentada em língua de sinais de forma poética e visual, sem a “necessidade” de intérprete para ouvintes. As sessões são gratuitas e contam com audiodescrição e guia-intérpretes para surdocegos em alguns dias. A produção explica que ingressos são garantidos por reserva (abaixo como contatar), e caso sobrem ingressos ou as pessoas não retirem os reservados até 20 minutos antes, libera-se para o público espontâneo.

Sobre o enredo
Pessoas surdas já foram proibidas de utilizar suas línguas de sinais, sendo imposta a elas a filosofia oralista e a fala forçada, para torná-las iguais aos ouvintes. “Surdo, logo existo” narra pontos históricos da proibição da língua de sinais pelo Congresso Mundial de Professores de Alunos Surdos, em Milão, em 1880, e a tomada do corpo surdo como anormal e objeto da ciência moderna. 

O espetáculo é composto por esquetes que apresentam diversas cenas do cotidiano das pessoas surdas, apresentando aspectos do histórico de opressão da comunidade surda e as diferentes camadas de violências em contextos dominados pela estrutura ouvinte, da literatura filosófica à instituição médica e jurídica, apresenta-se a sistemática exclusão de pessoas surdas numa textualidade corporal e visual. 

A falta de comunicação com a família, a aquisição tardia da língua materna, a imposição arbitrária da prática fonoaudiológica e da oralização na infância, a falta de informação na mídia e em quase todos os espaços públicos e privados, são experiências que atravessam os corpos das atrizes e atores surdos que compõe o elenco.

“Surdo, logo existo” é inspirado no teatro do oprimido e subverte os meios de produção teatral, reivindica o lugar da arte surda e denuncia as metanarrativas que capturam o corpo surdo. Os personagens não representam, são e existem, é a história com desejo de ficção e a vontade de recontar como “mito” a mais recente realidade.

Sobre o grupo
A produção é assinada pela Fluindo Libras, produtora cultural surda e estúdio de tradução artística em Libras. A Fluindo é um coletivo sinalizante que atua, enquanto comunidade surda, na promoção da arte surda protagonizada por surdos, assim como na tradução artística em Libras enquanto experiência estética e cultural.

O espetáculo tem Gabriela Grigolom, surda, poeta e atriz como dramaturga e diretora em conjunto com Jonatas Medeiros, tradutor, roteirista, pesquisador e produtor cultural. O elenco é composto somente por artistas surdos e propõe uma reflexão sobre o “ser surdo” e a surdidade, sobre as barreiras de comunicação na sociedade e a “dita” acessibilidade, subvertida em uma peça inteiramente sinalizada em Libras e sem tradução para os ouvintes. Uma experiência de inversão e uma imersão no mundo surdo.

O elenco reúne artistas surdos que realizaram em 2019 a primeira montagem da peça “Surdo, Logo Existo” na Casa 603, ponto de encontro da arte surda e sinalizada de Curitiba. Desde então, o grupo vem realizando diferentes ações artísticas surdas em Curitiba. O elenco é formado por surdos que permeiam a arte com produções caseiras desde poesias, hip-hop, audiovisual, artes visuais, artesanato, arte da marcenaria e performances. Surdas e surdos, atrizes e atores, autores de uma arte que eles dominam – a de usar o corpo como palavra.


Ficha Técnica
Elenco:
Bruno Lopes, Carlos Eduardo, Diegho Silva, Emanuelle Dias, Gabriela Grigolom, Josiane Machado, Paula Roque, Paulo Silva, Rafaela Hoebel, Ricardo Fiedler.
Texto e Direção: Gabriela Grigolom e Jonatas Medeiros
Direção de corpo: Rafaela Hoebel
Produção Executiva: Felipe Patrício
Coordenação Geral: Chiris Gomes
Produção: Rafaela Hoebel, Chiris Gomes e Felipe Patrício
Produção de figurino: Viviana Rocha
Criação de Luz: Octávio Camargo e Fernando Dourado
Operação de luz: Fernando Dourado
Cenografia: Fernando Marés
Foto e vídeo: Giuliano Robert
Identidade Visual: VIK Von
Maquiagem: Gabriela Viana
Intérprete de Libras: Jonatas Medeiros
Guia-intérpretes para surdocegos: Gilberto Bertolino e Vanessa Casali
Audiodescrição: Raquel Carissimi
Captação: Caroline Roehrig
Assessoria de imprensa: Lide multimídia
Realização: Fluindo Libras e Casa 603
Incentivo: Divesa
Apoio: Bait Nazha - Culinária Libanesa
Projeto realizado com recursos do Programa de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba.

Serviço
Apresentação:
03 a 25 de fevereiro
Sábados: 3, 10, 17 e 24 de fevereiro, às 16h, 18h e 20h
Domingos: 4, 11, 18 e 25 de fevereiro, às 16h e 18h
*Sessão com audiodescrição: 24 e 25 de fevereiro
** Sessão com guia-intérpretes para surdocegos: 10, 17 e 24
Local: auditório Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório) – Entrada: Rua Amintas de Barros, 70
Tempo de duração do espetáculo: 60 minutos
Classificação: 10 anos
Especificações do espetáculo: teatro
ENTRADA GRATUITA
Ingressos:
Reserva pela Fluindo Libras – Whatsapp (41) 98903-6987
*Retirada de reservas até 30min antes da peça
**Ingressos ociosos são liberados 20min antes da peça.
*** Entrada grátis com contribuição voluntária ao final da peça

Instagram: @surdologoexisto e @fluindolibras

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