FESTIVAL DE CURITIBA | "Nebulosa de Baco", da Cia. Stavis-Damaceno, chega ao Teatro Guaíra 04/04/2025 - 13:59

O sucesso de “A Aforista”, produção da Cia.Stavis-Damaceno que ganhou o Prêmio APCA de Melhor Espetáculo em 2023, quase fez Rosana Stavis entrar em crise de identidade. Indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz – ao todo, a peça foi listada em quatro categorias, e venceu Melhor Figurino –, e com uma atuação absolutamente magnética, a curitibana foi talvez a principal responsável por lotar as plateias de todos os palcos pelos quais o monólogo passou.

“No Rio, a Rosana é reconhecida por onde quer que a gente passe. Ela não é mais a Rosana, é ‘A Aforista’”, brinca o dramaturgo e diretor Marcos Damaceno, parceiro de Rosana há mais de vinte anos, não só no teatro, mas também na vida de casados. “Ela está no pleno domínio técnico de sua arte. E eu conheço suas potencialidades. Construímos juntos uma identidade, uma linguagem de encenação.”

O êxito trouxe o convite do Centro Cultural Banco do Brasil para um novo trabalho, mote para a reinauguração de um espaço do complexo na capital fluminense. Ao mesmo tempo, o arrasa-quarteirão de “A Aforista” impôs um desafio à dupla: produzir um espetáculo que estivesse à altura do anterior. Após estrear no Rio de Janeiro, e passar por Brasília e Belo Horizonte, sempre com ingressos esgotados, “Nebulosa de Baco” chega agora à 33ª edição do Festival de Curitiba, dentro da Mostra Lucia Camargo, com sessões nos dias 5 e 6 de abril, respectivamente às 20h30 e às 19 horas, no Guairinha. Os ingressos estão esgotados.

“A dificuldade foi controlar a nossa própria expectativa, a nossa ansiedade, e também o nosso ego”, admite Damaceno, que como sempre assina texto e direção. Para escrever, ele foi buscar inspiração na obra do dramaturgo, poeta e romancista italiano Luigi Pirandello, vencedor do Nobel de Literatura, e que tem como tema recorrente o metateatro, a fronteira entre o real e a representação do real.
Em “Nebulosa de Baco”, Rosana Stavis faz uma atriz veterana com a missão de ajudar uma novata a interpretar uma das personagens mais difíceis de sua vida, vítima de abuso sexual na infância. “O que é a verdade para o ator?”, questiona Damaceno. “Essa é uma questão inesgotável, tanto quanto a existência de Deus para a humanidade. As atrizes tentam convencer a si mesmas das invenções que estão criando. É um trabalho conturbado, esse de interpretar histórias”, filosofa.

Para o papel da aprendiz incapaz de chorar no palco, a Cia.Stavis-Damaceno escalou a também curitibana Helena de Jorge Portela, filha a lendária Claudete Pereira Jorge. “A Helena está um escândalo”, elogia o diretor. “É uma peça muito intensa, com mudanças repentinas, que vai da comédia pro drama e do drama pra comédia. Precisávamos de alguém que jogasse de igual pra igual com a Rosana no palco. Em Curitiba, não podia ser outra.” “Antes de tudo, é uma peça que valoriza a dúvida. O que aconteceu e o que não aconteceu? E quanto pessoas abusivas podem também se fazer passar por outra coisa?”, continua. “O espetáculo se debruça sobre várias coisas ao mesmo tempo, como é próprio dos dias de hoje, sempre um turbilhão na cabeça de cada um”, diz, antes de demonstrar preocupação com questões como a atual epidemia mundial de desinformação e a entrada em cena das inteligências artificiais.

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