FESTIVAL DE CURITIBA | Espetáculo "Sebastião" resgata a história do icônico Bar Patrícia, símbolo da resistência LGBT em Manaus 04/04/2025 - 14:32

Toda grande cidade brasileira teve seu “Bar Patrícia”. Esse era o nome do primeiro bar LGBT no centro de Manaus que, na década de 1970, durante o período da ditadura militar, tornou-se um espaço de liberdade e resistência na capital amazonense.

Esse local, carregado de significados, serve como cenário para o espetáculo Sebastião, da companhia amazonense Atelier 23. O grupo retorna ao Festival de Curitiba após o sucesso de Cabaré Chinelo na Mostra Lucia Camargo de 2024. O musical terá duas apresentações nos dias 5 e 6 de abril, às 18h30, no Teatro José Maria dos Santos. Os ingressos estão esgotados.

Estreado em novembro no Festival de Teatro do Amazonas, Sebastião é inspirado no livro “Um Bar Chamado Patrícia”, do artista Bosco Fonseca, figura icônica do movimento gay de Manaus e um dos protagonistas da história do Bar Patrícia.

"Ele foi a drag mais premiada daquela época, uma pessoa importante que abriu caminhos para que hoje estivéssemos contando, falando, agindo e trabalhando com liberdade", afirma Taciano Soares, diretor da companhia.

Sebastião - O nome do espetáculo faz referência ao mito de São Sebastião, um dos santos católicos mais reverenciados pela comunidade gay. A devoção se deve, em parte, à iconografia renascentista que retrata sua figura e a uma teoria histórica que sugere um possível envolvimento homoafetivo do soldado com seus superiores.

Segundo Soares, o grupo pesquisava a história de São Sebastião quando encontrou o livro de Bosco Fonseca, que se encaixou perfeitamente na dramaturgia do espetáculo. A montagem mistura música e acontecimentos reais, seguindo a assinatura do Atelier 23. "Não se trata apenas de contar histórias reais, mas de, a partir delas, trazer perspectivas de confronto para a cena. Chamamos isso de ‘bio narrativas’: uma forma de teatro que questiona determinadas verdades no palco", explica o diretor.

Assim como em Cabaré Chinelo, a música é parte essencial da construção narrativa, com uma banda de quatro músicos que também atuam. Para Eric Lima, um dos diretores da peça, a trilha sonora de Sebastião funciona como um convite à reflexão sobre questões políticas e a homofobia. "A gente dá ao público a sensação de que será uma grande balada e depois converte esse bar em uma espécie de igreja, numa liturgia das nossas vivências", destaca Lima.

GALERIA DE IMAGENS