FESTIVAL DE CURITIBA | Cemitério de Automóveis, grupo de teatro do paranaense Mário Bortolotto, celebra 43 anos com uma mostra no Fringe 01/04/2025 - 16:58

Com uma trajetória inspiradora, o londrinense Mário Bortolotto, um dos nomes mais importantes da dramaturgia brasileira, celebra 43 anos do grupo de teatro Cemitério de Automóveis no 33.º Festival de Curitiba. A mostra é uma das surpresas do Fringe na edição de 2025.
Desde 1996, quando deixou o norte do Paraná para fixar raízes em São Paulo, Bortolotto fez do grupo Cemitério de Automóveis uma referência na cena alternativa paulistana. Em 2000, o artista recebeu o Prêmio Shell de Melhor Autor por “Nossa Vida Não Vale um Chevrolet”. No mesmo ano, o versátil Mário, que é ator, diretor, dramaturgo, escritor e compositor, recebeu o Prêmio APCA de Melhor Autor pelo Conjunto da Obra.
Na Mostra de 43 anos do Grupo de Teatro Cemitério de Automóveis, uma das 12 programadas pelo Fringe em 2025, serão apresentadas 4 peças e um show musical da banda Saco de Ratos, da qual Mário é vocalista. Bastante influenciado por histórias em quadrinhos, cinema, blues, rock e o universo beatnik, Bortolotto cria espetáculos com um estilo próprio. “A seleção foi feita pensando que só poderíamos levar espetáculos razoavelmente pequenos, com elencos reduzidos, por conta dos custos que teríamos”, explica Bortolotto.
De 2 a 6 de abril, a mostra do Cemitério de Automóveis ocupa o Miniauditório do Teatro Guaíra (Glauco Flores de Sá Brito). “O Festival de Curitiba é muito importante, porque é uma vitrine de grande parte do que tá acontecendo em teatro no país. As poucas vezes que participamos do festival nos foram muito gratificantes. E este ano a gente tá indo pro Fringe com uma pequena mostra de espetáculos e com um show da nossa banda de rock, então, estamos com uma expectativa muito legal. E vai ser bacana também poder fazer os espetáculos no Miniauditório do Guaíra, que é uma sala que nos recebe desde 1985. Foi nela que fizemos nossa primeira apresentação em Curitiba com o espetáculo ‘Feliz Natal, Charles Bukowski’”, explica Mário Bortolotto.
Repertório
A Mostra de 43 anos do Grupo de Teatro Cemitério de Automóveis tem os seguintes destaques:
“Notícias de Naufrágios”, o texto mais recente de Bortolotto, tem uma linguagem mais experimental e menos realista se comparada a outras montagens do autor (02/04, às 21h).
“Whisky e Hambúrguer”, que faz parte da “Trilogia da Amizade”, gira em torno de um casal de amigos que estão com suas vidas desestruturadas. Eles se encontram em uma noite e tentam entender o que aconteceu (03/04, às 21h).
“Deve Ser do Caralho o Carnaval em Bonifácio” é a peça que mais se aproxima do universo de Plínio Marcos, com quem Mário é sempre comparado. Foi, inclusive, escrita para ser dirigida por Fauzi Arap, diretor que lançou Plínio no teatro (04/04, às 21h).
O show da banda Saco de Ratos, da qual Mário é vocalista e compositor, revisita os quatro CDs já lançados pelo grupo (05/04, às 21h30).
“Efeito Urtigão” gira em torno de um jornalista talentoso, mas frustrado com os rumos que o seu trabalho vinha tomando. Ele resolve se isolar e passa a viver sozinho até receber a visita de um amigo que, na verdade, tem a intenção de conseguir uma entrevista. (06/04, às 20h).
Novo espaço e seus desafios
Em 2022, após uma década de funcionamento na Rua Frei Caneca, bem no coração da região central de São Paulo, o Cemitério de Automóveis mudou de sede. O ponto, que era alugado, tornou-se sinônimo da cena alternativa e da boemia, pois reunia, em um único espaço, teatro, bar e livraria.
Na nova sede, localizada na Rua Francisca Miquelina, n.º 155, no bairro da Bela Vista, a menos de um quilômetro do antigo endereço, ocorreram algumas modificações no formato, mas o retorno tem sido bastante positivo. “Tem sido ótimo, embora sempre seja muito difícil porque, quando alugamos o espaço, era pra cumprir um projeto de fomento em que fomos aprovados. Com o fim do projeto, resolvemos continuar administrando o espaço, mas agora estamos arcando com todas as contas sem nenhum tipo de patrocínio. É difícil fazer um trabalho continuado quando temos que ficar sempre pensando em como vamos pagar as contas do mês. Então, temos que alugar o teatro para festas, oficinas e para espetáculos de outros grupos. É o único jeito de conseguir manter o teatro. Mas o teatro é muito maneiro e batizamos a sala de ‘André Ceccato’ em homenagem a um grande ator e amigo nosso que faleceu há alguns anos”, reitera Mário Bortolotto.