Balé Guaíra apresenta coreografia contemporânea para discutir brasilidade pós-pandemia 28/03/2022 - 19:13

“Este é um balé para ser sentido”. É com essa frase que o diretor do Balé Teatro Guaíra, Luiz Fernando Bongiovanni, convida o público para assistir ao próximo espetáculo da companhia, Terra Brasilis. A apresentação terá duas obras: uma de Alex Soares e outra de Jorge Garcia. Os dois são nomes de destaque da nova geração de coreógrafos contemporâneos no país.

Terra Brasilis fica em cartaz dias 22, 23 e 24 de abril no Guairão (Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto) e terá participação da Orquestra Sinfônica do Paraná. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 e estão à venda no site Ticket Fácil. A ação é uma parceria da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Centro Cultural Teatro Guaíra e PalcoParaná.

O diretor-presidente do Teatro Guaíra, Cleverson Cavalheiro, afirma que o novo programa do Balé Guaíra reflete o espírito da vida cultural pós-pandemia. “Mais do que nunca a gente precisa de Cultura, de vida e de emoções. Sabemos a importância que a Cultura terá nessa nova etapa com a pandemia controlada e a diretriz do Governo do Estado é levar a arte para todos os públicos. Por isso, Terra Brasilis é um marco do recomeço, pois é a primeira apresentação do Balé e da Orquestra juntos depois de dois anos”, afirma.

Luiz Fernando Bongiovanni conta que desde que assumiu a direção do BTG, em novembro do ano passado, pensava em fazer um trabalho sobre o Brasil e a vida pós-pandemia. “De alguma forma, vivemos um luto na pandemia, então eu gostaria que nossas apresentações trouxessem acalanto”, acrescenta.

Além disso, a partir da comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil e dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, Bongiovanni elaborou a programação do ano. “São eventos que ajudaram a formar o ethos brasileiro”, afirma o diretor.

Terra Brasilis tem, então, uma relação antropofágica com a música Barroca de compositores como Vivaldi e Boccherinni. O coreógrafo Jorge Garcia, por exemplo, usa obras consagradas de Vivaldi - As Quatro Estações - para discutir o país contemporâneo, com figurinos e acessórios que remetem aos canaviais brasileiros. “O processo de pesquisa e composição é algo que se apoia na ideia de inventar um corpo-movimento a partir de um objeto cênico, o elemento escolhido se tornar um dispositivo coreográfico”, explica Bongiovanni.

As obras de Jorge Garcia e Alex Soares se complementam no palco. Jorge trabalha com o grupo completo de bailarinos para dialogar com a ideia de coletividade, seja ela uma representação simbólica de coletivos rurais, seja de imigrantes de qualquer parte. Já o trabalho de Alex Soares parte de um conjunto homogêneo e massificado de bailarinos para discutir a construção de singularidade dos sujeitos.

“Os bailarinos deixam de ser uma massa amorfa para representar o sujeito da própria vida e, quem sabe assim, produzir um paralelo com o nosso país. A construção da nossa independência é longa, seja no campo artístico ou econômico”, diz Bongiovanni.

O diretor do BTG faz um convite ao público. “Vivemos em mundo tecnológico que valoriza – talvez excessivamente – os números, os resultados, o desempenho, etc. Nesse programa, buscamos valorizar o sensorial, gostaríamos de levar as pessoas para um passeio. É um processo de associações livres, de lembranças, projeções e construções psíquicas. As pessoas podem vir para se divertir, sem a tarefa de 'entender' o espetáculo. A chave não está no entendimento, mas no sentimento e nas sensações”, arremata.

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