Estreia: Balé Teatro Guaíra se aproxima do público com espetáculo “Contraponto” 24/08/2023 - 16:54

O universo interior é o elo entre as duas coreografias de “Contraponto”, o novo espetáculo do Balé Teatro Guaíra que estreia nesta quinta-feira e segue até domingo. As apresentações acontecem no auditório Salvador de Ferrante (Guairinha) para garantir a intimidade com o público em uma produção carregada de sentimentos, lágrimas e suor.

A dança se une a outras artes, como o circo e o teatro de bonecos na coreografia ‘Anima – imensidão adentro’. "Tudo é feito de contraponto. Não conseguimos pensar na luz se não encontrarmos a escuridão. Nós saímos do Guairão e viemos ao Guairinha em busca de maior proximidade com o público. A plateia vai sentir a dança, sentir os nuances, o olhar de ajuda entre os bailarinos", destaca o bailarino Rene Sato, que interage com um boneco gigante e articulado no espetáculo.

A arte se liga à vida, e vice-versa. Sobre a coreografia ‘Castelo’, o bailarino Patrich Lorenzetti define: “É tudo o que a gente carrega. Desde os momentos felizes até os de maior dificuldade. A construção do castelo é o que construímos ao longo da vida, e na coreografia essa vida não começa do zero, mas a partir de um momento de superação”.

“Castelo também fala sobre como você se apoia no outro. Não é sempre que estamos bem, às vezes passamos por uma situação em que precisamos do outro. Para mim, essa coreografia fala muito sobre a gente, sobre as nossas estruturas internas”, define a bailarina Nayara Santos.

EVOLUÇÃO
Terceira companhia de dança mais antiga do Brasil, o Balé Teatro Guaíra, ao longo de mais de 50 anos, apresentou mais de 150 coreografias, incluindo grandes sucessos de público e crítica como “O Grande Circo Místico”, “Lendas do Iguaçu”, “O Segundo Sopro”, “O Lago dos Cisnes” e "Lendas Brasileiras". O trabalho contemporâneo inédito destaca a evolução do corpo artístico mantido pelo Governo do Estado.

“Nossa competência é ir além do palco e contribuir com a evolução da companhia e do artista em si. ‘Contraponto’ é um marco no processo artístico do balé a partir de um novo pensamento, um novo jeito de fazer”, frisa o diretor-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Cleverson Cavalheiro.

“Há trabalhos em nossa carreira que nos tiram da zona de conforto e nos elevam a outro patamar profissional. E ‘Contraponto’, sem dúvidas, é um desses projetos”, atesta o bailarino Patrich. “Vem a pergunta: Até onde eu acho que meu corpo dá conta? Nesse processo, vi que meu corpo vai muito além”, conclui Nayara.

Trazer novas ideias, novas referências de linguagem e diferentes coreógrafos são eixos seguidos desde a retomada dos trabalhos presenciais do corpo artístico no pós-pandemia. Em um ano e meio, já são sete espetáculos diferentes em cartaz, entre inéditos e remodelados. As criações envolvem seis coreógrafos convidados, além do diretor da companhia Luiz Fernando Bongiovanni, que conduziu “Romeu e Julieta”, a última montagem apresentada ao público no maior auditório do Teatro Guaíra, junto à Orquestra Sinfônica do Paraná.

NO PALCO
Para “Contraponto”, dois grandes nomes da dança do Brasil e do exterior foram chamados. A iluminação também se destaca sob a produção de Lucas Amado.

Com bonecos que ganham vida, corpos que se penduram e são elevados, a coreografia que abre o espetáculo ‘Anima - imensidão adentro’ foi construída por Alan Keller, artista da dança premiado dentro e fora do país e reconhecido, em 2022, como o melhor coreógrafo de Festival de Joinville. “Anima é alma, é também animar, é vem comigo”, define ele.

Esta é a primeira vez é Alan Keller trabalha com o Balé Teatro Guaíra. “Estar aqui é estar mais próximo do que acredito, de uma arte bem feita, que é responsável, que produz lindos espetáculos, me senti como parte da família”, assegura.

Os artistas Nickolle Abreu e Pedro Mello, do Circocan – International School of Circus de Florianópolis, e o bonequeiro Eduardo Santos, de Curitiba, formam a equipe de preparação corporal e animação de bonecos. A trilha sonora original é composta pelo paranaense Gilson Fukushima e ressalta a diversidade musical brasileira resgatando sonoridades afetivas, e trazendo a obra “Gita”, de Raul Seixas, como forte referência à proposta coreográfica.

‘Castelo’, que fecha as cortinas, é de Alessandro Pereira, brasileiro que vive na Dinamarca, condecorado pela rainha em reconhecimento ao seu trabalho para a dança, e premiado em importantes competições coreográficas, como na Alemanha e no Canadá. “Foi amor à primeira vista”, define sobre a experiência de trabalhar com a companhia.

A coreografia é sobre de uma luta interna, de sobrevivência, que vem do amor e do desespero, de um passado. “Minhas referências vêm do que acontece na rua, com a mulher, as tribos indígenas, os negros. Mas não é triste, vem de um passado, mas é a construção para o dia de amanhã, para uma nova geração”, conta o coreógrafo.

Sobre o processo criativo, Alessandro diz que “primeiro vem o sentimento, depois o passo de dança”. Para a trilha sonora dessa luta, o artista Andreas Bernitt foi o escolhido e criou uma paisagem sonora que faz o público mergulhar em grandes emoções. “Espero que todos estejam abertos e vulneráveis aos sentimentos que os bailarinos vão dar”, convida o coreógrafo.

Serviço
“Contraponto”
Apresentação: 24 a 27 de agosto de 2023
Dias 24, 25 e 26 (quinta, sexta e sábado), às 20h30
Dia 27 (domingo), às 18h
Local: Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha)
Tempo de duração do espetáculo: aproximadamente uma hora e trinta minutos
Classificação: 12 anos
Especificação do espetáculo: Balé contemporâneo
PREÇO ÚNICO:
R$ 20,00 (vinte reais), com meia-entrada, conforme legislação – lugares livres
Ingressos: bilheteria do Teatro Guaíra e no site DeuBalada.com

Programa do espetáculo

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